
| AS ANIMAÇÕES DE HENRIQUE LIRA
_SOBRE O ARTISTA
Depois de trabalhar anos com publicidade, Henrique Lira decidiu construir seu próprio barco pirata e fundar o ICONIC. Diretor, criador e concept artist freelancer, em 2014 dirigiu um projeto de série de sua autoria para a Nickelodeon International e hoje colabora com a concepção de uma nova série da Cartoon Network.

DOT: Para começar, nos fale um pouco sobre você. O que você está fazendo, o que já fez...
Henrique: Bom, eu sou Henrique Lira, comecei a trabalhar com uns 12 anos em programação, depois de um ou dois anos passei a me interessar por Photoshop e por ilustração quando conheci um ilustrador chamado Josh Agle. Vi o trabalho dele e pensei: é isso que eu vou querer pra minha vida, é muito legal! Então eu comecei a mexer com Photoshop e estudar bastante design gráfico, tudo por conta, nunca fiz nenhum curso nem nada. Com 14 anos eu fiz o meu primeiro freela. Já foi internacional e eu já tomei calote, então foi uma ótima primeira experiência (risos).Com 15 anos eu entrei na primeira agência de publicidade que eu trabalhei. Fiquei lá por dois anos, era uma agência bem pequena com 3 pessoas, mas foi uma experiência muito boa. É interessante como a vida acontece, porque eu entrei lá e de lá eu conheci outra pessoa que me levou pra outra agência, e que me levou pra outra agência que tinha mais de 40 pessoas aqui de Campinas. Foi uma experiência super legal e eu fiquei por mais de 5 anos assim, uma experiência bem ampla. Trabalhei como web designer, direção de arte e também motion graphics. Eu sempre fui muito curioso em relação a muita coisa, então eu já fiz um pouco de tudo, sabe? Sou muito interessado por fotografia também. Então eu entrei na faculdade, acho que com 19 anos, e fiz artes plásticas na PUC de Campinas. E é uma coisa engraçada porque eu nunca mexi com artes plásticas, sabe? E eu tinha entrado lá. Sempre ficava no computador e isso não mudou muito mesmo depois do curso. Continuei mexendo bastante com o digital, mas eu comecei a agregar alguns aspectos das artes plásticas no meu trabalho. Então fiz escultura, pintura, gravura... eu só não fiz performance (risos), mas de resto eu fiz.
DOT: O que te motivou a sair da publicidade para entrar na área de animação? Você se arriscou sem ter nada ou se preparou antes?
Henrique: De noite eu estudava artes e de dia fazia publicidade, então acho que isso conflitou os dois mundos. Ao mesmo tempo que fazia ilustrações eu estava fazendo peças publicitárias pra anúncio de remédios (risos). Com o tempo a publicidade parou de fazer sentido para mim, eu já estava saturado porque queria ter um trabalho mais autoral, passar a minha mensagem pro mundo, queria desenvolver a minha voz. Eu tinha vários sonhos e um deles era ter uma série própria de animação.Então em 2013 eu consegui uma bolsa pra estudar na Holanda durante um ano e saí da agência. Lá eu mudei totalmente, o meu curso era de cinema e animação, foi uma mudança muito legal e eu falei: cara, esse ano eu vou fazer a minha primeira animação. Só que quando eu afirmei isso para mim mesmo não sabia a bucha que estava assumindo, porque animação é um processo extremamente trabalhoso, pelo menos se você quer fazer uma coisa refinada, e eu sou muito exigente com o meu trabalho, não gosto de fazer nada mais ou menos. Se eu for fazer mais ou menos eu prefiro nem fazer, sabe? (risos).Neste processo minha mente mudou, eu entrei em contato com coisas e pessoas totalmente diferentes. Lá eu fiz amizade com uma pessoa que me apresentou pra um grupo sensacional de estudo de arte e aí que eu comecei a evoluir de verdade artisticamente e foi quando eu fiz o Harrdy também.
DOT: Através de qual trabalho ou a partir de que ponto sua carreira começou a alavancar? Quando você começou a se destacar?
Henrique: A minha carreira é muito recente, é até difícil falar (risos), mas eu acho que o momento que eu comecei a me destacar foi com o Harrdy, que é o meu projeto selecionado pela Nickelodeon e que começamos a produzir. E foi com este projeto realmente, porque aí eu comecei a entrar em contato com os estúdios de animação do Brasil. Em 2013, o Jonas da Split me chamou para trabalhar lá, mas eu estava na Holanda, então não pude entrar pra equipe de arte deles. E eu nunca tinha considerado trabalhar num estúdio de animação. Quando eu voltei em 2014, ao invés de ir trabalhar lá, chamei eles para trabalhar comigo na Nickelodeon (risos). Então desenvolvemos o Howdy Harrdy com eles na Split. Lógico, este ano veio o Iconic que também ajudou um pouco neste quesito.

DOT: Você pode nos falar um pouco sobre a nova série que você está produzindo com a Cartoon Network?
Henrique: Claro! O Jonas tem um projeto pessoal dele chamado We Boom, é uma série que estará em produção daqui a seis meses mais ou menos. Trabalhamos como co-diretores no Howdy Harrdy e descobrimos que somos almas gêmeas, sabe? (risos). O trabalho foi maravilhoso, nos demos super bem dirigindo um negócio juntos, criou uma sinergia incrível. A partir daí decidimos que queríamos fazer outras coisas juntos, o Jonas apresentou este projeto para a Cartoon e agora eles aprovaram. Ele me convidou pra fazer o conceito da série junto com eles e escrever os episódios. Se trata de uma série pré-escolar, o público tem de 4 a 7 anos e é a história de dois amigos, o We e o Boom, o We é um coelhinho e o Boom é um monstrão. Eles saem pelos países coletando sons, é uma série musical. O We cuida da parte de instrumentos, toca todos os instrumentos do mundo, e o Boom coleta sons do lugar, por exemplo, estão em Paris e eles coletam sons do croissant. Então a criança vai aprendendo quais são os países através da música, o que foi uma série deliciosa de escrever.
DOT: Você tem pretensão ou almeja trabalhar em algum lugar no seu próximo job?
Henrique: Então, eu pensava assim antigamente. Falava “puts, eu quero ir pra Pixar” ou “um dia eu quero ir pra YZ”. Hoje eu já não sei tanto, porque eu gosto de ter flexibilidade. Já faz muito tempo que eu trabalho freelancer e que eu sou “chefe de mim mesmo”, sabe? E isso é muito bom, então eu pretendo abrir um estúdio na verdade. Mas se eu fosse ter que mirar em algum lugar um dia, acho que eu tentaria ir pra Pixar sim, pela experiência de estar com tanta gente sensacional. Eu também não acharia ruim ir pra qualquer outra das empresas grandes, nem das emissoras de TV, como a Cartoon ou a Nickelodeon. Mas também já considerei outros estúdios mais artesanais, por exemplo tem o Cartoon Saloon, na Irlanda, que é um estúdio que eu trabalharia, com certeza. E aqui no Brasil também, seria uma ótima experiência trabalhar num dos estúdios daqui. Mas por hora eu prefiro seguir o meu próprio rumo. Ainda mais que o Iconic está tomando um protagonismo muito grande na minha vida, tem sido uma experiência muito legal poder ajudar os outros (risos), e o feedback doevento foi muito bom, então eu pretendo não deixar isso de lado, ao mesmo tempo que pretendo tocar alguns projetos pessoais também. Por hora estou com a ideia de escrever e ilustrar um livro, além de escrever outra série. Uma coisa que tenho na minha cabeça é que além de artista, estou me tornando um empreendedor, quase que um empresário. O que é até estranho para algumas pessoas, um artista empreendedor, mas é uma coisa que não deveria ser estranha porque é muito sensacional você criar as suas coisas, sabe? É difícil, óbvio, mas eu estou tentando conciliar este meu lado empreendedor com o meu lado artístico. Acho que é o meu próximo grande desafio.
DOT: Sobre a animação Harrdy, como foi definido o conceito do curta?
Henrique: Bom eu tenho uma relação com piratas que é muito distante. Meu filme favorito da infância era o Hulk (Capitão Gancho), com o Robin Williams. Desde lá eu já era fascinado por piratas e eu acho que o que me fascina mais é a questão deles serem seres livres. Então é uma temática que sempre esteve presente na minha vida e eu sempre quis usar ela porque eu gosto e me simpatizo com essa noção mais romântica dos piratas.E ai, de onde veio a história do lenhador, né? Eu estava um dia pensando com meus botões sobre fazer uma animação e teria que ser algo mais cômico, eu não conseguiria fazer algo sério mesmo. No começo pensei numa disputa de “olás”, era uma idéia totalmente diferente. Ia ser o pirata e o lenhador - escolhi o lenhador porque eles fazem “howdy!” e o pirata, de praxe, fala “arrr!”. Mas aí percebi que uma história tem que ter um clímax, um ponto de conflito porque uma história sem isso não é tão interessante. Depois de conversar bastante com o meu orientador na Holanda, desisti dessa ideia. Uma das coisas mais difíceis foi abandoná-la, porque as vezes a gente casa com a nossa ideia e se desvincular dela fica muito difícil. Então uma dica que dou é: não case com suas ideias (risos). Eu decidi reescrever do zero, peguei um monte de post-it, colei no armário e tentei entender quem eles eram, porque eles estavam lá, pra onde eles estavam indo, de onde eles vieram e todas estas questõezinhas. Isso me abriu os olhos para tentar fazer algo mais consistente.Então defini o contexto da história: e se o pirata estivesse atrás de um tesouro? E se um animal o roubasse? E no clímax da história a gente descobre que o tesouro estava com o Howdy o tempo todo.

DOT: Quanto tempo levou para a produção, em média, do Harrdy?
Henrique: Onze meses (risos). Só que não foram onze meses trabalhando continuamente nele, fiz muita coisa em paralelo. Se eu fosse dizer quanto tempo fiquei 100% nele, eu diria quatro meses. No começo era muito pontual trabalhar nele, mas eu acho que desde o primeiro momento em que pensei em fazer isso até a conclusão foram onze meses. Mas de trabalho intenso foram quatro.E demora mesmo, viu? Eu nunca tinha feito uma animação antes, não tinha nem conhecimento da pipe line - os processos da animação - então foi uma curva de aprendizado muito intensa. Queria fazer uma coisa com qualidade muito grande em um espaço de tempo muito pequeno. Tanto que eu não o terminei (Harrdy) na Holanda. Acabei o intercâmbio e finalizei no Brasil, depois de um mês inteiro trabalhando no projeto. A animação durou um mês. Foram todos os dias trabalhando aproximadamente 5 segundos de animação, porque fiz tudo sozinho mesmo. Desde a folhinha se mexendo, o personagem falando, a dublagem de todos os sons.
DOT: E como foi o processo de criação do curta?
Henrique: Eu comecei com aquela primeira ideia e depois de discutir muito com o orientador mudamos e virou o que é hoje. Na verdade eu comecei pelos personagens, não é o mais indicado mas foi por eles que eu comecei (risos). Aí eu fiz o roteiro, porque com os personagens prontos eu consegui imaginar melhor como eles iam se comportar. Depois comecei a listar tudo que ia precisar de arte, do visual mesmo, então eu fiz os props, que são os detalhes. Você não imagina o trabalho que dá fazer isso! Assim que criei todas as artes eu joguei no After Effects e lá eu fiz os riggins que são basicamente os esqueletos da animação cut out. Então eu fiz as vozes e todos os barulhos com a boca, minha roupa, barulho de mordida, tudo. Foi muito legal, uma das partes que eu mais gostei foi gravar as vozes (risos).Depois veio a música, que quem fez foi um compositor alemão chamado Marius Hirstein, eu conheci ele num evento e eu disse “cara, um dia eu vou fazer um projeto e vou falar com você”. E olha que engraçado, um dia eu fiz um projeto e conversei com ele! (risos). E é engraçado esse negócio de networking, porque as vezes te leva a alguma coisa.Por último veio a animação, fechamento e o rendering, que foi a semana mais infernal da minha vida porque eu não tenho uma estrutura, uma “render farm”, então tive que renderizar no meu notebook, paralisar outros três computadores para poder inscrever a tempo no edital da Nickelodeon.


DOT: Sobre seu trabalho, como você usa as cores? Você busca referências?
Henrique: Eu sempre tive uma relação muito intensa com cor, porque se você ver o trabalho do Josh Agle, o trabalho dele tem cores muito vibrantes. Desde que eu comecei com 12 anos é essa minha referência, então acho que escolha de cores é uma coisa herdada. Ao longo do tempo, de tanta referência que eu peguei, de tantos testes que fiz, eu acabei inconscientemente criando uma série de processos, onde eu já sei o que funciona com o que. Por empirismo, por experiência. Lógico que com muito cuidado pra não adquirir vícios, como sempre usar a mesma paleta de cor. E uma coisa que eu busco é sempre deixar o meu trabalho com uma paleta mais “felizinha”, uma coisa alegre, gosto muito. Mas a minha relação é essa: experimentação e sensação. Eu busco sempre algo que me dá uma sensação boa, é sempre muito intuitivo. Não uso nenhuma fórmula de cor maluca, nem teoria das cores, cores análogas, não, eu nunca usei nada disso (risos). E eu procuro sempre entender qual é a relação delas, porque as cores não funcionam sozinhas. Se você usar uma cor sozinha ela pode te dar uma sensação muito boa, mas se você coloca em outro contexto, ela se transforma.
DOT: Ocorrem muitas mudanças durante seu processo de criação? Por exemplo, você planeja tudo e depois acaba mudando?
Henrique: Ah sim, com certeza. Sempre busco pensar de maneiras diferentes, nunca caso com o primeiro teste. Acho que experimentação é o caminho para ser bem sucedido no seu trabalho.
DOT: Qual é o seu período do dia mais criativo?
Henrique: Acho que isso é uma coisa que mudou ao longo do tempo pra mim, mas em geral: madrugada, infelizmente. Mas é um momento mais tranquilo, sinto que o mundo está dormindo e isso me inspira de alguma maneira. Mas eu gosto da manhã também porque ela me dá a sensação de um novo dia, de novas oportunidades para fazer algo e de que ainda tem muita coisa pela frente, mas isso varia. Tem dia que é de manhã, tem dia que é a tarde. Mas se fosse pegar uma média eu diria madrugada. Não sou muito constante em relação a isso.
DOT: Sobre o mercado de animação brasileiro, como você o vê?
Henrique: Eu vejo ele em expansão e estou muito otimista. Existem, além da leis de incentivo que antes não existiam, muitas pessoas mais engajadas e acho que o que uniu isso foi a internet. Então a gente começa a ter dois grandes núcleos de animação no Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo. Lá temos alguns estúdios que já estão articulando projetos bem grandes, como longas metragens. Teve, por exemplo, a História de Amor e Fúria que foi um dos primeiros longas brasileiros a realmente ter projeção internacional. E aí veio o Menino e o Mundo, do Alê Abreu, Guida, da Rosana, enfim, está crescendo muito. É recente, mas está crescendo. Por exemplo, você pega a Split, em São Paulo, já está com mais de 40 pessoas lá dentro fazendo animação, uma coisa que era inimaginável alguns anos atrás. O Estúdio Birdo está fazendo um trabalho excepcional. Recentemente eles fizeram um trabalho pro Genes que ficou passando na Times Square! Tem o Copa Studio fazendo o Tromba e que está fazendo Irmãos do Jorel que já está na América Latina inteira e está fazendo bastante barulho. Tem o Monster Pack, do Pedro Eboli, foi feito pro edital da Nick que talvez role. Tem o Oswaldo agora, da Catoon também. Tem o Howdy Harrdy, o meu (risos), que talvez role também.Então caramba, está crescendo muito! E isso é muito legal. O número de pessoas interessadas no ramo está aumentando muito. Eu acho que está engatinhando pro tamanho do negocio que vai vir ainda. Não é fácil trabalhar num estúdio de animação hoje, mas acho que a tendência é ficar cada vez mais acessível.

DOT: O que você acha essencial para alguém trabalhar na área de animação?
Henrique: Depende muito de qual área que estamos falando, porque você pode ser um concept artist, um animador, um roteirista, um históricologista, tem um monte de coisa. Mas eu acho que existem traços em comum para todos eles e o principal é resiliência, persistência, a capacidade de você buscar sempre ser melhor, de bater a cabeça, de cair, mas conseguir levantar. Eu acho que isso em qualquer meio artístico, é você ser persistente em relação ao seu trabalho e não ficar satisfeito com o “mais ou menos”. Sempre buscar o máximo que você puder, a busca da excelência e ter muita paciência, porque animação é algo muito trabalhoso, muita coisa dá errado no processo. Não tem um projeto de animação que foi 100% do jeito que deveria ser. Eu nunca vi e te garanto que a Pixar nunca viu também, nem a Disney nunca viu um projeto que sai liso. Sempre há contratempos e você tem que estar preparado para esse tipo de coisa. E força de vontade. Acho que o principal é isso: você ter vontade de fazer um negócio bem feito, de ter humildade de escutar as pessoas mais experientes e sempre estar disposto a melhorar.
DOT: Para fechar, poderia deixar um recado para quem sonha em entrar nesta área?
Henrique: Claro! Eu sempre digo nos meus Iconic Lives é que não importa da onde você vem e nem pra onde você vai. E a primeira coisa pra uma pessoa que entra nesta área é mudar pra uma mentalidade de abundância, de se sentir capaz de chegar aonde quer, porque é possível. Hoje todo mundo que tem acesso à internet e que tem uma estrutura básica é capaz de ser um artista excepcional. Vai muito da sua busca pessoal, então corra atrás do que você quiser, seja positivo e trabalhe muito, porque é assim que faz. Sempre seja crítico com o seu trabalho, analise o que está fazendo, veja o que você precisa fazer melhor e nunca ache que você não tem mais o que aprender. Então sempre temos essa capacidade de melhorar e de buscar essa melhora. Esteja em volta de gente que pensa como você, de artistas que querem crescer tanto quanto você porque você é fruto do seu ambiente. Se você entra num ambiente onde as pessoas ali trabalham mais ou menos, fazem algo mais ou menos e só querem mais ou menos alguma coisa, cara, você está no lugar errado. Se envolva de pessoas engajadas, monte um grupo, faça este grupo e vá em frente.
"Um hábito muito importante do critério de “o que eu vou fazer em seguida” é: o que eu posso fazer hoje que vai impactar positivamente o maior número de pessoas? Se eu não estou fazendo isso, porque eu não estou fazendo isso? Então eu nunca vou entrar num projeto só por causa de um projeto, sempre vou fazer com um propósito muito forte e sempre pensando se eu poderia fazer algo de maior impacto. Hoje, dentro das minhas limitações, o que eu poderia estar fazendo para que realmente faça a diferença? É só isso que eu queria dizer (risos)."
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